Conheça as principais doenças que atingem o ânus e o reto

Intestino “preguiçoso” é um problema comum na maioria das pessoas, principalmente mulheres, pelo menos uma vez na vida, como durante uma viagem ou após uma mudança de hábitos. Mas alguns sinais de que o intestino não vai bem podem indicar algo mais sério que uma prisão de ventre.

Nesta quinta-feira (18), o cirurgião do aparelho digestivo Fábio Atui e o gastroenterologista Flávio Steinwurz explicaram doenças que atingem o intestino grosso (ou cólon) e o ânus, como hemorroida, fissura, retocolite ulcerativa, doença de Crohn, pólipo e câncer.

Segundo os médicos, o intestino delgado tem cerca de 6 metros de comprimento e o grosso, 1,5 metro. As explicações foram feitas de dentro de um órgão gigante, inflável.

Hemorroida

Todas as pessoas têm hemorroidas internas, formadas pela artéria superior retal e outras veias. Elas incomodam quando aquelas que irrigam o ânus e o reto inflamam e incham, dentro ou fora do corpo. Além disso, pode haver sangramento, dor ou ardor durante ou após a evacuação, e saliência palpável.

A maior causa de hemorroida é a constipação ou prisão de ventre, que leva a uma força maior na hora de evacuar. Mas há outros fatores que predispõem o problema, como gravidez, idade, obesidade, componente genético, sedentarismo e alimentação pobre em fibras e líquidos.

No grau 1, a hemorroida apenas sangra; no 2, sangra e sai para fora; no 3, sangra, sai para fora e a pessoa consegue colocá-la para dentro; e no 4, sangra e fica sempre para fora – aí é preciso operar. Também há pomadas à base de analgésicos, anestésicos e cicatrizantes que podem ajudar, mas sempre com recomendação médica.

Os especialistas destacaram que as pimentas não causam hemorroidas, mas podem fazer a região doer mais. Por isso, é importante manter uma alimentação rica em frutas, verduras, legumes e cereais para ajudar no fluxo intestinal.

Trabalhar sentado e carregar peso também não causam hemorroidas, mas quem já tem o problema pode perceber uma piora quando faz esforço físico ou passa muito tempo sentado.

Fissura anal
A fissura anal é uma úlcera no canal do ânus, que tem aproximadamente 4 cm de comprimento. A fissura é longitudinal e, na maioria das vezes, ocorre na parte da frente ou de trás do canal, onde há menos irrigação sanguínea.

Entre os fatores que podem levar à fissura anal, estão prisão de ventre, cocô duro, sexo anal e qualquer outra agressão na região. Os sintomas incluem dor para evacuar e, logo depois, sangue no papel higiênico ou nas fezes.

Na fissura aguda, a pessoa fica dois ou três dias com o ânus ardendo na hora de evacuar, mas depois passa sozinha. Quando o machucado não cicatriza e vira crônico, é preciso usar um medicamento que relaxa a musculatura do ânus e promove maior irrigação do local. Se isso não resolver, é necessário operar.

Os médicos deram algumas dicas para evitar fissuras e hemorroidas:

  • Nunca deixe de evacuar com medo da dor. O cocô vai ficar mais duro e machucar ainda mais para sair;
  • Tome bastante líquido;
  • Coma muitas fibras;
  • Faça banhos de assento com água morna para relaxar a musculatura anal.

Retocolite ulcerativa x doença de Crohn

As duas doenças são bastante parecidas, caracterizadas por uma inflamação crônica no intestino, incurável e de causa desconhecida, mas com algumas diferenças.

A retocolite ulcerativa só acomete o intestino grosso e tem lesões mais superficiais. Atinge apenas a camada mais interna do órgão. Já a doença de Crohn pode acometer desde a cavidade bucal, passando pelo esôfago e estômago, até o ânus. Mas tem predileção pela região conhecida como íleo, que é a parte final do intestino delgado, e o começo do intestino grosso.

Diferente da retocolite, a doença de Crohn atinge as quatro camadas internas e externas do intestino. Por isso, pode causar abscessos (acúmulo de pus), fístulas (comunicação forçada entre um órgão e outro) e infecções de outros órgãos.

A retocolite tem lesões contínuas e um segmento inteiro acometido. Já o Crohn apresenta áreas alternadas entre a doente e a sadia. As duas doenças são conhecidas como autoimunes, por terem características desse tipo de problema, mas na verdade são inflamatórias e também incluem componentes genéticos.

A incidência dessas doenças é de 70% na faixa entre 15 e 40 anos, e outros 20% dos pacientes são crianças. Também é perceptível uma maior incidência nos países desenvolvidos.

Entre os sintomas da retocolite e do Crohn, estão diarreia com mais de um mês de duração, emagrecimento, muco ou sangue nas fezes e febre. No caso das crianças, ainda pode haver dificuldade no desenvolvimento. O controle é feito com remédios que contêm a inflamação, anti-inflamatórios específicos e corticoides.

É importante destacar que a retocolite ulcerativa é um fator que predispõe câncer de intestino, principalmente em pacientes que têm a doença há mais de sete anos.

Pólipo e câncer de reto
O câncer de reto pode ser evitado quando o rastreamento é feito com antecedência. Antes da doença, normalmente aparecem os pólipos intestinais, que são lesões pré-cancerígenas e podem ser retiradas durante o exame de colonoscopia.

Os pólipos pode ser hiperplásicos, que não significam nada nem viram câncer; ou adenomatosos, que têm grandes chances de virar câncer no futuro.

O rastreamento precisa ser feito regularmente após os 50 anos de idade, aos 40 anos em caso de histórico familiar em algum parente de 1º grau, ou 10 anos antes da idade em que o parente de primeiro grau teve câncer caso isso tenha ocorrido antes dos 40 anos. Como a doença pode ou não dar sintomas, é importante fazer o monitoramento na idade certa.

Os exames que rastreiam o câncer são o de presença de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.

Os sintomas da doença incluem:

  • Vontade de ir ao banheiro, mas quando chega, não consegue evacuar ou tem sensação de evacuação incompleta
  • Sangue vivo nas fezes
  • Fezes em fita (igual serpentina)
  • Dor no reto
  • Alternância entre diarreia e prisão de ventre
  • Alteração do hábito intestinal
  • Cólica
  • Muco
  • Perda de peso sem causa aparente
  • Cansaço
  • Anemia
  • Barulho na barriga

Percebe-se que alguns desses sintomas são os mesmos em hemorroidas, fissuras anais, retocolite ulcerativa e doença Crohn. Por isso, ao sinal de qualquer um desses problemas, procure um médico.

Fonte: Bem Estar